Fundada em 1928, a Haco aposta em produtos personalizados e tecnologia para se destacar.
Na hora de comprar uma peça de vestuário, a etiqueta é um diferencial que pesa na sua decisão? Geralmente a resposta para esta pergunta é “não”. Criadas mais para fins de identificação e controle de estoque, elas geralmente são projetadas para serem discretas. Mas a empresa catarinense Haco quer mudar isso.
Fundada em 1928 por imigrantes alemães, a Haco quer unir estilo e tecnologia para mudar a forma que o mercado encara as etiquetas. “Elas são uma forma de customizar, embelezar e aumentar o valor agregado dos produtos”, diz o CEO da companhia, Alberto Conrad Lowndes.Fundada em 1928 por imigrantes alemães, a Haco quer unir estilo e tecnologia para mudar a forma que o mercado encara as etiquetas. “Elas são uma forma de customizar, embelezar e aumentar o valor agregado dos produtos”, diz o CEO da companhia, Alberto Conrad Lowndes.
O aspecto funcional também tem recebido uma atenção especial da Haco. Desde 2006, ela tem desenvolvido um projeto que pretende levar a transformação digital para essas pequenas pecinhas. Por meio de chips, a Haco quer aplicar o conceito de identificação por radiofrequência (ou RFID, do inglês “Radio-Frequency Identification”), nas etiquetas
A ideia é que, com o RFID, negócios do setor varejista consigam em questão de minutos avaliar todo o estoque de uma loja. Com as etiquetas tradicionais é necessário analisar peça por peça para isso. “O empreendedor acaba ganhando em vendas, tendo uma eficiência muito maior”.
A moda dos detalhes
Mais do que etiquetas, a Haco também produz cadarços, estampas, identificações, fitas, entre outras coisas. São produtos qualificados como “de centavos” por conta do valor em que são vendidos. O carro-chefe da empresa, por exemplo, custa R$ 0,12.
Empresas que adotam esse modelo de negócio geralmente faturam com produção em massa, mas isso pode gerar algumas complicações. Conrad cita o zelo operacional como uma das principais preocupações que devem ser tomadas. “Qualquer erro no processo de um produto personalizado, qualquer desvio de rota ou atraso pode causar um prejuízo enorme.”
O desenvolvimento de novas tecnologias também é desacelerado por conta da escala. O RFID é um bom exemplo de como isso afeta a Haco. “Produzimos cerca de 30 milhões de etiquetas. Nosso desafio é conseguir aplicar a tecnologia neste volume”.
Apesar de importantes, os avanços tecnológicos não foram a única preocupação da empresa. Era preciso fazer com que os produtos da Haco fossem um complemento estético das roupas que integravam.
Conrad começou a aplicar esse conceito no negócio por meio de uma transformação na cultura corporativa da companhia. “Cinco anos atrás, queríamos ser a maior empresa do tipo em todo o planeta. Agora, queremos ser a melhor.” Segundo o executivo, essa mudança de comportamento afeta diretamente o método que a Haco faz negócios.
A empresa agora é mais presente no processo de desenvolvimento dos seus produtos. “Antigamente, o cliente mandava o design da etiqueta e a gente só produzia. Hoje, sentamos com um estilista e ajudamos a criar.”
De pai para filho
Promover mudanças tão radicais em uma empresa de 90 anos pode ser um desafio complicado. Mas, segundo Conrad, a mentalidade embutida na sucessão do negócio facilita muito o processo.
O executivo de 37 anos é pertencente à quarta geração da família que comanda a empresa. Entrou no negócio em 2004, mas assumiu a presidência do grupo em 2013. “Eu e meu pai tínhamos uma simbiose muito boa. Foi uma figura sempre presente, me ensinando a tocar o negócio com responsabilidade.”
O resultado disso é uma mentalidade que não encara a sucessão como uma “ruptura” na forma de gerir os negócios, mas como uma continuação do legado de seus antecessores, conta Conrad.
Atualmente, a empresa conta com três fábricas no Brasil, uma em Portugal e exporta para 38 países. A expectativa é que o faturamento de 2019 chegue à casa dos R$ 165 milhões.