14/08/2019

ELA DEIXOU A CARREIRA ACADÊMICA NA FRANÇA PARA EMPREENDER NO BRASIL

Alexandrine Brami é fundadora do IFESP, instituto que oferece cursos online de francês e de liderança.

Alexandrine Brami, 42 anos, tinha tudo para seguir uma brilhante carreira acadêmica. Francesa, estudou nas melhores escolas e universidades do seu país – no colégio, chegou a ser colega de classe de Emmanuel Macron, atual presidente da França. Seu plano era trabalhar com ciências políticas, mas sua vinda ao Brasil, em 2002, mudou as perspectivas. De acadêmica, passou a empreendedora. Fundou o IFESP, instituto brasileiro que ensina francês e forma líderes de alta performance.

Ficar por aqui não fazia parte dos planos.

Alexandrine fazia um doutorado sobre a Rússia e veio passar um mês no Brasil para estudar semelhanças entre os dois países. Acabou recebendo, da universidade Sciences Po Paris, o desafio de treinar estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) para estudar por um período na instituição francesa. Passou, então, a alternar sua estadia entre França, Brasil e Rússia com alguma frequência.

Do contato constante com empreendedores daqui, surgiram os primeiros rascunhos do que, em 2007, viria a ser o IFESP. “Eu vi que também queria ser uma pessoa que constrói algo e faz a diferença nesse país”, diz Alexandrine. Com um investimento de R$ 6 mil, ela alugou duas salas em um prédio na avenida Faria Lima, em São Paulo (SP) e desenvolveu um material didático em língua francesa.

Apesar de aproximá-la do mundo acadêmico, a escolha por essa área tinha um sentido maior em sua cabeça: contribuir para que mais jovens brasileiros fossem à França desenvolver suas carreiras. “Eu queria empoderar pessoas talentosas e permitir que, depois, elas voltassem ao Brasil para fazer a diferença”, diz.

Para tocar o projeto sem ter experiência em negócios, Alexandrine recorreu a uma habilidade que, segundo ela, os franceses aprendem muito na escola: a de aprender. “Ter concentração, foco e disciplina foi o que me ajudou a aprender essa profissão nova”, diz ela. Na época, também contou com o apoio de uma sócia, com quem tocou o negócio até este ano.

Inovação contínua
Com o tempo, o IFESP foi se transformando. Para ganhar mais escala, passou a oferecer as aulas apenas online; depois, incluiu a formação em habilidades como liderança e gestão. Hoje o instituto atende desde universitários até profissionais liberais, como advogados e médicos. Já são mais de 22 mil alunos formados e 4 mil ativos na sua plataforma, além de uma equipe de 30 colaboradores.

Desde 2013, o instituto também investe em pesquisa e desenvolvimento para aprimorar as metodologias, incluindo conceitos como as das neurociências. Agora, planeja o lançamento de “pílulas” de aprendizado – conteúdos que podem ser agregados à rotina profissional e não têm uma trilha contínua como os cursos regulares. Nesse caso, o foco será em gestão e coaching.

Paralelamente, Alexandrine mantém ativos outros portais como “vitrine” dos cursos – como um domínio chamado “CursodeFrancesOnline”. Na França, quem quer aprender português ou saber sobre a vida como expatriado no Brasil pode acessar o “My Little Brasil”.

Para o IFESP, Alexandrine tem agora a ambição de expandir os cursos para outros idiomas, como espanhol e italiano. “Eu gosto de pensar no IFESP do futuro como um ecossistema global de aprendizado”, diz ela. O instituto não abre seu faturamento, mas a fundadora afirma que ele vem crescendo 35% todos os anos. "No fundo, acho que minha alma sempre foi empreendedora."

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Mulheres-empreendedoras/noticia/2019/08/ela-deixou-carreira-academica-na-franca-para-empreender-no-brasil.html