27/11/2020

Ele vendeu o carro para abrir loja e hoje tem franquia internacional de reparos de celular

Jonathan Benitez é máster-franqueado da Cellairis no Brasil. Com pouco mais de 50 lojas abertas, empreendedor aposta na formação de funcionários para que se tornem franqueados.

Jonathan Benitez, 38, foi criado em uma cidade chamada Cristais Paulista, na região de Franca, no interior de São Paulo. Ele conta que precisou contribuir financeiramente em casa desde os 12 anos, então trabalhou na indústria e na agricultura. Aos 17, começou a atuar com vendas. “O varejo se tornou uma paixão, eu vi que tinha jeito. Além disso, era muito mais fácil do que trabalhar na indústria ou no cafezal.”

Hoje, ele é máster-franqueado da rede internacional Cellairis, que deve fechar o ano com 54 lojas no Brasil, mas conta que o caminho entre sair da pequena cidade, de pouco mais de 8 mil habitantes, até empreender em grandes capitais não foi fácil.

Em mais de vinte anos de varejo, Benitez passou por vendas, foi promovido a gestor de equipes e passou para a carreira executiva, na expansão de franquias. “Depois de ficar muitos anos trabalhando para os outros, eu descobri que tinha o sonho de empreender.”

Ele resolveu se mudar para o Rio de Janeiro e tentar a sorte. Abriu uma loja de moda em sociedade, que não deu certo. Benitez aprendeu que só poderia se tornar sócio de alguém que realmente admirasse. Assim, ele voltou para o mercado de trabalho, mas o sonho de ter algo próprio continuava lá.

Em 2014, o empreendedor decidiu tentar novamente e abrir uma loja de acessórios para smartphone. Ele vendeu o carro e conseguiu cerca de R$ 30 mil. Os sogros precisaram emprestar mais R$ 50 mil para que ele conseguisse abrir o ponto. A loja deu certo, pois o mercado estava aquecido para esse tipo de produto, e ele conseguiu abrir mais quatro unidades.

 

Cerca de um ano depois, resolveu começar do zero novamente: fechou todas as unidades e tornou-se máster-franqueado da Cellairis, rede norte-americana do mesmo segmento, com sede em Atlanta e operações em 11 países. “Eu vi que eles tinham um grande trabalho internacional. Sou muito bom para vendas, gestão de time, mas ser criativo a ponto de desenvolver uma marca, nem tanto. Franquia é pegar a inteligência de alguém e usar a sua própria para crescer. Eu vi mais como uma união de forças”, explica.

Ele encerrou as cinco lojas que tinha, pois atuava em sociedade com outro empreendedor, e chamou a esposa e o casal de cunhados para investirem juntos na máster-franquia. “Fizemos um planejamento prioritário no Rio de Janeiro e abrimos quatro negócios. Depois desse primeiro ano, abrimos 10 operações próprias e a partir do terceiro ano lançamos franquias”, conta.

Ele conta que se assustou com a pandemia, tanto que projetava uma queda de 60% para 2020. De fato, quatro operações não resistiram e precisaram ser encerradas nos últimos meses. No entanto, desde a reabertura, as lojas já conseguiram atingir 80% do faturamento que era feito antes do isolamento social.

Ele credita o resultado à interação constante com a equipe durante o fechamento e a um programa de incentivo da marca que pode transformar funcionários em franqueados, a Escola de Empreendedores. “Empreender é única forma de mudar a desigualdade social do nosso país. Em 2020 formamos oito empreendedores que se tornaram franqueados.”

 

Além desses, cerca de nove unidades já são geridas por ex-funcionários. Mais do que o impacto social, o empreendedor vê a medida como forma de aumentar a base de leads e de repassar lojas que estejam deficitárias.

A prática não é exatamente uma novidade: redes como a Cartão de Todos têm programas internos estruturados para isso. A diferença, no caso da Cellairis, é que a rede entra como investidora da franquia, sem se tornar sócia do franqueado. De acordo com Benitez, o valor estimado para a abertura de uma unidade é a partir de R$ 150 mil – e a rede assume o risco, após a capacitação e uma rigorosa seleção.

“Eles geralmente entram apenas com valor de recisão que têm, pois encerram o vínculo com a gente e começam como empreendedores.” Para o próximo ano, a meta da rede é abrir 30 lojas, e o empreendedor diz que um terço disso será de ex-funcionários da rede. O programa é anual e deve receber entre 15 e 20 colaboradores no ciclo de 2021.

Empolgado com a veia social, Benitez conta que a rede se tornou embaixadora do programa internacional Life Impact, que visa combater a exploração infantil. O papel deles, enquanto marca, será com a capacitação empreendedora.

 

Uma sede do projeto deve ser inaugurada no começo do ano, em uma comunidade do Rio de Janeiro. “Hoje eu mudo histórias, construo novas perspectivas, vendo sonhos, quebro paradigmas, ensino, aprendo e cuido. E só consigo fazer isso porque mudei a minha história primeiro. Podemos mais. Acredito nisso”, afirma.

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Franquias/noticia/2020/11/ele-vendeu-o-carro-para-abrir-loja-e-hoje-tem-franquia-internacional-de-reparos-de-celular.html