13/04/2021

Empreendedor de 72 anos cria marca de biquínis na pandemia e vende 10 mil peças

Aluízio Nogueira é fundador da empresa Beijo do Sol, que iniciou as atividades em agosto de 2020. "Precisei até entrar no Instagram", diz.

Assim como muita gente, Aluízio Nogueira, 72, ficou confinado em casa com a chegada do coronavírus. “Meus três filhos me impediram de sair de casa com medo de que eu me contaminasse”, conta. A nova rotina não foi fácil para ele, que é representante comercial e costuma gerenciar uma equipe de vendas e visitar clientes na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Nogueira trabalha há 39 anos como representante de uma grande marca de lingeries na região, e estava no meio de uma negociação para trazer moda praia para o portfólio quando foi decretada a pandemia. No entanto, a empresa que ele estava tratando não aguentou o baque da quarentena e faliu. “Contatei outras e vi que estavam paralisadas. Isso foi me criando uma faísca: se não temos outra empresa, por que não montarmos uma fábrica própria de linha praia?”

O empreededor conversou sobre a ideia com a filha, que trabalha junto com ele, e foi pesquisar a respeito do mercado. “Fui praticamente autodidata, li tudo sobre fornecedores, facções (indústria terceirizada de confecção e vestuário), estilos, tendências de cores, uma série de informações.” As pesquisas de mercado o obrigaram a quebrar outra barreira: as redes sociais. "Tive que entrar no Instagram para acompanhar o que estava acontecendo."

O primeiro desafio do empreendedor foi encontrar fornecedores da matéria-prima, mais conhecida como lycra, pois as empresas produtoras estavam fechadas ou sem estoque. Depois, ele foi em busca de uma indústria para a produção, e encontrou uma empresa de Votuporanga, também em São Paulo, que já tinha experiência em biquínis, tanto na concepção quanto na produção, e topou fechar negócio. “Assim, começamos o desenvolvimento da linha e também buscamos por uma marca para registrar.”

 

Nogueira conta que a inspiração para o nome Beijo do Sol veio de uma mensagem de áudio enviada pelo neto de apenas seis anos, em que desejava um “beijo do céu” para o avô. “Fiquei com aquilo na cabeça e testei vários nomes, até que cheguei em beijo do sol, que tem tudo a ver com biquínis.”

O negócio já nasceu com um viés sustentável, de acordo com o empreendedor. Todos os retalhos dos tecidos usados para a fabricação das peças são doados para ONGs e grupos sociais para a produção de tapetes e pulseiras. “Busquei soluções que pudessem viabilizar a produção, respeitando o conceito de sustentabilidade e preservando o meio ambiente”.

O empreendedor estima ter investido, ao todo, cerca de R$ 420 mil para lançar a marca. Com as medidas de restrição, ele só conseguiu lançar a Beijo do Sol em agosto e resolveu apostar na fabricação de 10 mil peças. “Conseguimos vender todo o estoque até o fim do ano. O forte foi a venda direta para os lojistas, o corpo a corpo já com as lojas abertas. Conseguimos mais de 100 clientes na região.”

Ele credita o resultado à demanda represada dos primeiros meses de pandemia. Além disso, a aposta por criar estampas próprias fez com que a marca conseguisse se destacar, na visão do empreendedor. “A estampa digital realça mais as cores, além de economizar 95% da quantidade de água que seria utilizada para a produção de forma convencional.”

Com o novo agravamento da pandemia, a produção foi paralisada em fevereiro, mas a equipe de Nogueira vem trabalhando nos bastidores para o lançamento da próxima coleção da Beijo do Sol, em maio.

Atualmente, a empresa conta com quatro funcionários internos e quatro vendedores. Os planos são de dobrar a equipe e também o número de peças vendidas até o final do ano. Uma expansão internacional também faz parte das metas futuras de Nogueira.

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Moda/noticia/2021/04/empreendedor-de-72-anos-cria-marca-de-biquinis-na-pandemia-e-vende-10-mil-pecas.html