31/05/2016

EMPREENDEDORA INVESTE EM SOBREMESAS SOFISTICADAS PARA RESTAURANTES

Depois de trabalhar oito anos no mercado financeiro, Ana Gabriela Borges decidiu abrir uma empresa no ramo de sobremesas

A ideia da empresa de sobremesas aconteceu em 2013, quando Ana engravidou de gêmeos e quis mudar de emprego. “Eu e meu marido, Guilherme Castro, trabalhávamos no mercado financeiro há oito anos. Nossa rotina era muito corrida e, com a gravidez, pensamos que seria melhor apostar em uma carreira que nos permitisse ter mais tempo para as crianças”, diz Ana. Como Castro se interessava por gastronomia, eles decidiram abrir um restaurante. A dupla conversou com o chef Diogo Silveira e, juntos, eles abriram o MoDi Gastronomia, localizado no bairro de Higienópolis, em São Paulo.

Durante o planejamento do restaurante, Ana, que é apaixonada por doces, disse que gostaria de ajudar na escolha das sobremesas. “Nessa hora, o Diogo me falou sobre como era raro chefs gostarem de fazer sobremesas, e que esse era um mercado bastante carente. No fim, ele acabou me incentivando a abrir uma empresa nesse ramo”, explica.

Além de sugerir a criação da empresa, o chef Silveira também apresentou Ana à confeiteira Adriana Diniz. Juntas, elas começarem a produzir os doces em escala pequena, apenas para testes. “Começamos a cozinhar em casa para ter uma ideia inicial da estrutura necessária”, diz. Em fevereiro de 2014, as duas abriram a empresa, mas Adriana ficou apenas seis meses no negócio. Segundo Ana, a confeiteira tinha uma preferência por produzir doces em uma linha próxima das padarias, “enquanto eu queria criar doces mais refinados”, conta.

Depois que a parceria entre as duas foi desfeita, Ana foi apresentada pelo chef Silveira ao cozinheiro Arnor Porto. Dessa vez, tanto Ana quanto Porto compartilhavam das mesmas opiniões sobre a empresa e, juntos, começaram a tocar o negócio. “Todas as receitas foram pensadas por nós dois, cada um dando suas sugestões”, explica Ana.

Durante dois anos, a dupla produziu e vendeu doces para restaurantes. Nesse período, Ana teve que lidar com um fator inesperado no negócio: a resistência dos restaurantes em investir na sobremesa. “Nas minhas receitas, eu uso produtos de maior qualidade, como chocolate belga, e isso deixa o doce mais caro. Cada sobremesa minha custa, em média, R$ 6 para os restaurantes, enquanto meus concorrentes vendem por R$ 2. Os donos de restaurante costumam comprar a R$ 2 e vender por R$ 30, então eles preferem manter esse superfaturamento, que traz altas margens de lucro”, diz.

Mesmo com a resistência do mercado, a Sweethings conseguiu fechar vendas para seis restaurantes e, hoje, fornece, em média, 6,5 mil sobremesas por mês. Entre os restaurantes que servem suas sobremesas estão o MoDi e o Lambe-Lambe.

Os doces são entregues congelados e tudo que o restaurante precisa fazer é desenformá-lo e finalizar o prato com uma calda. “Enquanto a maioria fornece petit gateau, nós preferimos sobremesas diferentes. E é muito gratificante quando um cliente fala que um consumidor retornou ao seu restaurante por causa da sobremesa”, diz.

No primeiro ano da Sweethings, o espaço escolhido pelos empreendedores foi um sobrado em Higienópolis, com uma cozinha industrial no andar de baixo e uma confeitaria em cima. Em dois anos, a empresa, que tinha contratado apenas um funcionário no início, já estava com uma equipe de dez pessoas. “Mudamos para um espaço maior em Pinheiros, e escolhemos o local pensando em abrir um café em seguida”, explica a empreendedora. O café, nomeado Sweet Café, foi aberto em março deste ano e, segundo Ana, ela e seu marido já investiram R$ 1 milhão de capital próprio no negócio — sendo R$ 300 mil apenas no café.

Fonte: http://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2016/05/empreendedora-investe-em-sobremesas-sofisticadas-para-restaurantes.html