01/11/2019

Empreendedores criam vinho em lata para popularizar consumo da bebida

Proposta da Vivant é oferecer praticidade em ambientes como praia, baladas ou eventos ao ar livre.

Alex Homburger, 26, sempre usou uma técnica peculiar para decidir qual vinho comprar: definia a faixa de preço e então escolhia o rótulo mais atraente. Apesar de gostar, ele não se via como um especialista na bebida. Em conversas com amigos, percebeu que não era o único a seguir essa, digamos, metodologia. “Eu e um amigo, o Leonardo Atherino, planejávamos emprender juntos. Falei com ele sobre a ideia de criarmos uma marca de vinho voltada a consumidores mais jovens”, diz Alex.

A ideia definitiva viria em breve. Em uma noite, Leonardo foi a uma festa no Rio de Janeiro e optou por beber vinho. A noite foi desconfortável, mas não por causa de uma possível embriaguez. O carioca passou horas equilibrando uma garrafa e sua taça enquanto cumprimentava pessoas e tentava usar seu celular. Uma ligação entre os dois futuros sócios, no dia seguinte, definiu: “não bastava usar uma garrafa com comunicação descolada”, diz Alex. A solução seria vender vinhos em uma nova embalagem: as latas.

A Vivant foi fundada em novembro de 2017 com um investimento semente de R$ 300 mil, captado entre amigos e familiares. A ideia é atrair consumidores entre 21 e 35 anos ao oferecer praticidade em ambientes como praia, baladas ou eventos ao ar livre. O vinho é produzido em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, em uma parceria com a vinícola Quinta Don Bonifácio.

Na negociação, a Vivant garantiu blends exclusivos — são três tipos: tinto, branco e rosé. Em junho deste ano, uma segunda rodada injetou R$ 1,9 milhão na startup. Na lista de investidores, Eric Albanese, um ex-executivo da Ambev, e Flávio Maria, ex-executivo da Pepsico. O dinheiro foi usado na expansão da equipe, que pulou de quatro para oito funcionários, além de investimento em campanhas de marketing.

A proposta da Vivant vem em um momento de crescimento no consumo de vinho no Brasil e alinhada às tendências. De acordo com a Wine Intelligence, consultoria focada no assunto, o número de brasileiros que compraram ao menos uma garrafa de vinho no ano anterior saltou de 22 milhões para 32 milhões entre 2010 e 2019.

A consultoria afirma que o aumento no consumo da bebida é visto especialmente entre consumidores dos 21 aos 35 anos. Nos últimos dez anos, a Wine Intelligence observa uma tendência de consumo de vinhos de marcas mais baratas e com apelo visual forte — qualquer semelhança com a proposta da Vivant não é mera coincidência.

Ao redor do mundo, vinhos em embalagens não tradicionais têm ganhado espaço. Muitos olhos passaram a dar atenção à bebida em lata especialmente após a aquisição da Swish Beverages, dona da Babe Wine, pela AB InBev, dona da Ambev, em junho deste ano. A Babe usa comunicação descolada para se conectar a consumidores millennials.

A bebida, oferecida em três modalidades, vinho, rosé e branco, tem gás adicionado — ou “bolhas”, como a marca chama. De acordo com Gemma Cooper, da consultoria de mercado Nielsen, 2018 registrou aumento de 70% nas vendas dos vinhos em lata — e a tendência é de crescimento.

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Diversao-e-turismo/noticia/2019/10/empreendedores-criam-vinho-em-lata-para-popularizar-consumo-da-bebida.html