24/07/2020

Empresa cresce ajudando varejistas a monitorar o fluxo de clientes

A FX Retail Analytics nasceu com a proposta de ser um “Analytics do varejo físico”. Solução agora ajuda lojas e shopping centers a evitar aglomerações e recuperar confiança.

Monitorar o fluxo de clientes em lojas e shopping centers costumava ser uma questão estratégica. Sensores podem desde contar quantas pessoas entraram e saíram até mapear os perfis dos consumidores. Mas a pandemia ressignificou o papel dessa tecnologia. Ela agora ajuda a evitar aglomerações e a recuperar a confiança no varejo físico.

A FX Retail Analytics acompanhou de perto essa mudança. A empresa nasceu com a proposta de ser um “Analytics” para as lojas. A retração do setor no primeiro semestre fez seu faturamento despencar 70%, mas contratos firmados para a reabertura e o foco em novas soluções aumentaram suas expectativas para 2020.

Monitoramento on demand
A FX Retail Analytics surgiu em 2015 após a compra de uma empresa de monitoramento de fluxo pelo grupo HiPartners. Na época, segundo a CEO, Flávia Pini, a oferta de sistemas desse tipo por assinatura ainda era incomum. “As empresas vendiam câmeras e tinham servidores locais. Conseguimos desenvolver um produto com escalabilidade e preço mais acessível”, diz ela.

O principal produto da empresa é um conjunto de câmera e beacon, um aparelho que identifica dispositivos eletrônicos, como smartphones, por meio do Bluetooth. As câmeras permitem monitorar o fluxo e a movimentação de clientes, ajudando a identificar horários de pico e a medir a performance de um ponto, por exemplo.

Já os beacons captam, de forma anônima, dados como gênero, faixa etária e perfis de buscas na internet. O volume de informações ajuda a identificar os principais perfis de visitantes e pode resultar até no lançamento de novos produtos.

Com a pandemia, os clientes da FX Retail Analytics passaram a poder usar os dispositivos para medir e controlar o número de pessoas no espaço. Mas 80% deles precisou fechar as portas devido às medidas de isolamento. Como resultado, recorreram a isenções e descontos nas mensalidades, que custam a partir de R$ 99 por equipamento.

“Isso comprometeu 70% do nosso faturamento. Mas a possibilidade de deixar os estabelecimentos e consumidores mais confortáveis na retomada virou uma forma de atacar novos clientes”, diz Flávia Pini. A empresa hoje atende cerca de 100 marcas e tem dispositivos em 1 mil estabelecimentos. Agora, dialoga com 20 shopping centers interessados.

Insights inteligentes
A empresa também tem focado em outra frente para crescer e aumentar a margem de lucro: a oferta de insights preditivos. Trazendo inteligência artificial (IA) para o sistema de monitoramento, ela consegue reunir e analisar dados suficientes para dizer, por exemplo, quando um supermercado precisará ou não abrir mais caixas para evitar a formação de filas.

Entre os critérios levados em conta estão dados de cupom de venda, como a quantidade de itens vendidos e o horário, calendário de pagamentos de categorias, clima e sazonalidade. “Essa análise evita filas, melhora a experiência do cliente e dá mais produtividade às pessoas alocadas”, diz a CEO.

A solução está sendo desenvolvida em parceria com a 4intelligence, também do grupo HiPartners, e tem um piloto rodando em um supermercado. Para a FX Retail Analytics, a grande vantagem está no aumento da rentabilidade. Por se tratar de um serviço mais sofisticado, Flávia Pini diz que uma operação desse tipo equivale à implantação do monitoramento de fluxo em 10 a 12 lojas.

A expectativa de expandir essa frente, junto ao aumento da demanda dos shopping centers, foi o que permitiu à empresa manter sua projeção de faturamento pré-pandemia: de R$ 2,5 milhões em 2019 para R$ 4,2 milhões em 2020. “O lucro líquido será muito maior do que prevíamos, porque agora virá mais dos serviços do que da quantidade de equipamentos.”

A empresária afirma que a retomada do varejo físico terá a seu favor a saudade dos consumidores de ter experiências presenciais de consumo. Mas a digitalização tem um papel importante no processo. “O que os varejistas vão ter de aprender na raça é a tratar o cliente em toda a sua jornada. Na conexão entre físico e online, ele pode ver quem abandonou a loja sem comprar, mas fechou a compra no e-commerce.”

Ela também acredita que a tendência é que os pontos físicos se tornem mais cada vez mais estratégicos: mais do que vender, eles podem servir para a captação de clientes, entrega de conveniência e como pontos de distribuição. “As entregas same day e last mile vão crescer. Os aplicativos fizeram os clientes acostumar com isso.”

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Varejo/noticia/2020/07/empresa-cresce-ajudando-varejistas-monitorar-o-fluxo-de-clientes.html