14/05/2020

Exclusivo: 77% das PMEs brasileiras adotaram home office durante a pandemia

Média é a maior entre nove países analisados, como Reino Unido, França e Alemanha, em estudo global conduzido pelo Capterra e Gartner

A quarentena imposta pelo novo coronavírus levou 77% das pequenas e médias empresas brasileiras para o home office. O número foi levantado em um estudo global realizado pelo software Capterra e pelo instituto de estudos Gartner, e antecipado a PEGN. Foram consultados 4.600 profissionais de pequenas e médias empresas da Austrália, Brasil, Espanha, França, Alemanha, Itália, México, Holanda e Reino Unido, entre 4 e 14 de abril.

O estudo identificou que empresas de todo o mundo estão se adaptando rapidamente ao trabalho remoto e às novas formas de oferecer produtos e serviços, influenciadas por pessoas das gerações mais conectadas. No entanto, ainda há desafios a serem superados na comunicação entre equipes e também na revisão de normas de segurança da informação.

Entre os mercados analisados, o Brasil é o que tem a maior proporção de pessoas em trabalho remoto. Na França, o índice é o mais baixo, com 40%. A média geral ficou em 59%. “Com esse estudo, notamos que o Brasil seguiu uma tendência global de adaptação rápida ao trabalho remoto. De modo geral, os trabalhadores querem seguir com essa possibilidade, e as empresas terão de se acostumar e se preparar para isso”, afirma Luca Rossi, analista do Capterra.

55% consideram trabalhar de forma remota no futuro

Antes da pandemia, a maior parte dos respondentes da pesquisa (42%) não costumava trabalhar remotamente - o home office total era uma realidade para apenas 11%. Agora, mais da metade dos entrevistados (55%) acredita que os negócios podem funcionar permanentemente com equipes remotas. Na Alemanha, 43% dos entrevistados gostariam que suas empresas adotassem, de fato, o home office total depois da crise - maior índice de todos os países.

“Os três segmentos analisados em que os trabalhadores mais acreditam que sua empresa poderia funcionar, em todo o seu potencial, com uma equipe de trabalho remota permanente no futuro são marketing e comunicação, serviços financeiros e TI", diz Rossi.

A pesquisa mostra que 60% das empresas compraram ou planejam comprar novos softwares para o home office, e 64% dos funcionários ouvidos aprenderam a usar essas ferramentas com facilidade.

As cinco principais vantagens do modelo identificadas na pesquisa são:
- Não há necessidade de deslocamento
- Ajuste das horas de trabalho em função das responsabilidades da vida pessoal
- Vestuário mais casual
- Aumento da produtividade
- Possibilidade de cuidar dos filhos e dos animais de estimação

"Os funcionários que trabalham remotamente trabalham mais felizes quando sua empresa lhes deposita mais confiança. Essa confiança pode ser na forma de códigos de vestuário casual ou horários de trabalho flexíveis, mas a questão é que a confiança vai além da microgestão", comenta Rossi no estudo.

Transformação digital dos negócios

A pesquisa identificou que 70% das empresas conseguiram adaptar bem seus produtos e serviços ao mundo digital. São citados exemplos de academias, que passaram a transmitir aulas e treinos online; restaurantes oferecendo entrega em domicílio por meio de aplicativos próprios; agentes imobiliários mostrando casas para clientes via webcam; e professores transformando suas salas de casa em salas de aula.

O índice de adaptabilidade dos negócios foi maior no Reino Unido, com 77%, e menor na Alemanha, com 58%.

No entanto, o isolamento social também trouxe novas dificuldades à rotina de trabalho. Problemas de comunicação com colegas e solidão estão entre os três principais desafios de trabalhar remotamente. 

A segurança das informações da própria empresa também é um desafio a ser vencido, uma vez que apenas 36% dos funcionários utilizam senhas fortes, com letras, números e caracteres aleatórios, e 39% têm um antivírus. O número de trabalhadores que dizem utilizar firewalls (29%), VPN (28%) e softwares de segurança de e-mail (22%) é ainda inferior. 

40% dos trabalhadores utilizam apenas os próprios dispositivos no home office, sem computadores ou smartphones da empresa, e apenas 19% dizem ter recebido formação em segurança da informação para trabalho à distância.

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2020/05/exclusivo-77-das-pmes-brasileiras-adotaram-home-office-durante-pandemia.html