02/07/2020

Família que plantava pimentas no quintal de casa hoje exporta para 11 países

Os irmãos Gustavo e Diogo de Aquino estão à frente da Sabor das Índias, que faturou R$ 8 milhões em 2019. Recentemente, produtos foram disponibilizados em aplicativo de delivery dos EUA para chegar nas mãos de brasileiros em áreas remotas.

Cozinhar sempre foi uma das atividades favoritas da família dos irmãos Gustavo e Diogo Moreira de Aquino. Com ascendência portuguesa e italiana, os pais dos empreendedores tinham plantações de pimenta em casa e começaram a cozinhar para vender em 1993, na casa onde moravam, em Vinhedo (SP). Na época, Gustavo tinha apenas 16 anos. Hoje, a Sabor das Índias fatura R$ 8 milhões e exporta para 11 países.

Até o ano passado, as vendas internacionais correspondiam a 6% do faturamento da empresa. No entanto, com a pandemia, que culminou em uma queda no mercado nacional e na alta do dólar, a participação cresceu 50% no faturamento e hoje representa 9% do total. Atualmente, a Sabor das Índias vende para Angola, Canadá, China, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Paraguai, Portugal, Suíça, Emirados Árabes e Holanda. 

No início, as receitas para os temperos eram todas da própria família, de acordo com o empreendedor. “Fazíamos alguns vidros e saíamos para vender em postos de rodovia na  Dutra”, relembra. O investimento inicial foi equivalente a R$ 300 retirados do cheque especial, para produzir 30 vidros de pimenta. Para a surpresa da família, toda a venda foi realizada em apenas um dia.

Depois, eles passaram a fornecer para supermercados regionais e expandiram para outras localidades, iniciando pelo sul do Rio de Janeiro. “Até os 21 anos, eu fabricava pimenta e trabalhava em outra empresa. Decidi, então, seguir minha carreira solo e focar no negócio. Caminhamos bem, mas, como eu não tinha experiência e o mercado é muito dinâmico, a empresa estacionou. Por volta de 2011, não cresceu mais.”

Aquino buscou ajuda do Sebrae para profissionalizar a empresa e foi aconselhado a pensar na internacionalização do produto. “O consultor explicou que eu deveria adequar algumas coisas, como cálculo de custo e logística. A partir de 2014, começamos a trabalhar focados em uma linha de produto para atender o mercado internacional. Qualidade nós tínhamos, mas precisamos rever idioma, tabela de preço, cálculo de logística e a parte de rótulos, que passou por uma transformação de identidade visual.”

Eles iniciaram uma missão de internacionalização com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e tinham a intenção de começar por perto, na América Latina mesmo. No entanto, durante as rodadas de negócio, Aquino foi apresentado ao representante de uma importadora e distribuidora dos Estados Unidos. “Ele nos fez uma visita e ficou impressionado como estávamos antecipados com o FDA [sigla de Food and Drug Administration, registro de alimentos nos Estados Unidos, equivalente à Anvisa]. Escolheu o mix de produtos que ele achou que tinha a cara dos clientes e fizemos o primeiro contêiner.”

A primeira exportação aconteceu em abril de 2017. A Sabor das Índias fez também a primeira visita de treinamento para a equipe comercial que venderia os produtos. 

Em 2018, foram negociadas cerca de 150 toneladas de pimenta e em 2019 houve um crescimento de 30%. “As coisas aconteceram em sequência. Exportar para os Estados Unidos mostra que temos capacidade de produção, e as feiras sempre nos ajudaram muito.” Assim, as pimentas da família Moreira de Aquino foram para o Canadá, depois Portugal, Holanda, Suíça e estão hoje em 11 países.

 

Nos últimos dois anos, eles participaram de feiras do setor alimentício nos Estados Unidos e já previam participar também da edição 2020, que foi cancelada por conta do coronavírus. No entanto, os contatos das edições anteriores apresentaram um novo caminho para crescimento dentro do país norte-americano: o aplicativo de delivery Favi Foods. “Por meio desse networking, chegamos ao aplicativo, que também compra produtos da distribuidora que leva nossos produtos para lá. O público-alvo é o brasileiro que mora em regiões mais remotas, como Alasca e Havaí.” 

A ideia é que o chamado "mercado da saudade" (estrangeiros que compram produtos de sua terra de origem) ajude as pimentas de Vinhedo a temperar ainda mais pratos nos Estados Unidos, e agora dos norte-americanos. 

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2020/07/familia-que-plantava-pimentas-no-quintal-de-casa-hoje-exporta-para-11-paises.html