10/09/2020

Franquias de educação retomam atividades com turmas menores, aulas híbridas e alterações no layout

Redes de cursos livres reabrem com adesão de até 70% dos alunos e novos horários de aulas.

O retorno as aulas nas escolas regulares, de forma segura, ainda é uma incógnita. Alguns testes têm sido feitos em cidades brasileiras e também no exterior, mas ainda não existe uma fórmula. Já há quem tenha adiado o retorno apenas para 2021. Algo que pode ajudar em um direcionamento é como os cursos livres têm retomado as atividades.

As redes de franquias de idiomas, ensino profissionalizante, reforço escolar e outras modalidades têm reaberto escolas, aos poucos, e adotaram protocolos rígidos, com aferição de temperatura, disponibilização de álcool em gel, obrigatoriedade de máscara, redução de alunos por sala, suspensão de áreas de convivência e diminuição de aulas simultâneas, por exemplo.

No novo cenário, o ensino híbrido, que combina aulas presenciais e à distância, se torna uma opção difícil de ser descartada. Bem como a criação de mais turmas, para dar conta do limite de alunos por sala e até mesmo alterações de layout, que possibilitam manter o distanciamento social.

A Comissão de Educação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), inclusive, desenvolveu uma cartilha para ajudar no retorno das escolas de cursos livres. A coordenadora da pasta, Sylvia Helena Barros, comenta que cerca de 12% das franquias brasileiras ainda estavam fechadas em junho (último levantamento divulgado), e que a proporção deve ser menor em Serviços Educacionais - se consideradas apenas as atividades administrativas, com retorno gradual das aulas. Segundo informações obtidas pela entidade com marcas associadas, cerca de 80% das escolas de idiomas já retomaram atividades presenciais.

Sylvia diz que a gestão em rede favorece o processo de reabertura, pois o franqueador e os franqueados conseguem analisar melhores práticas locais e trocar ideias para encontrar uma fórmula mais adequada. “Uma prática que notamos ser muito adotada foi a realização de pesquisas com os clientes acerca da forma de retorno. Isso certamente ajuda e alinha expectativas.”

Além destes processos, as escolas precisam se atentar às normas municipais e estaduais.  “Por se tratar de um negócio formatado, com padrões que devem ser seguidos por todas as unidades franqueadas sob a bandeira da mesma marca, é preciso que o franqueador coordene a estratégia a ser adotada, ouvindo os franqueados, que estão na ponta, em contato com o cliente final”, afirma Melitha Novoa Prado, advogada especializada em franchising e varejo.

Instituto Gourmet precisou rever o cronograma de aulas. Das 62 escolas, 59 já estão em operação, sendo boa parte em horário reduzido. Para se adequar, as turmas precisaram reduzir de 30 para 12 alunos – menos da metade da capacidade. Mais turmas foram criadas em horários alternativos.

“Isso é um desafio para a franquia, pois os custos da hora/colaborador dobram”, diz o sócio-diretor da marca, Glaucio Athayde. De acordo com ele, as aulas estão com 70% de ocupação, em média.

O empreendedor conta que, mesmo com a volta das aulas presenciais, a rede manterá o formato online para eventuais dúvidas. “Conseguimos criar um grande networking entre os próprios alunos durante as aulas online, pois, pela plataforma, eles poderiam trocar experiências independentemente da região em que moram”, afirma.

A rede paulista MicroPro Desenvolvimento Profissional e Comportamental também precisou negociar o retorno em suas 38 escolas com alunos e responsáveis. Durante a pandemia, eles investiram na reforma das unidades para alterar o layout e promover melhores condições para o distanciamento social.

“Cada unidade franqueada criou um cronograma de aulas, de forma a atender as turmas com o menor número de alunos possível. Assim, apesar de aumentarmos a folha de pagamento, contratando mais mão de obra para a divisão de turmas, conseguimos dar a todos a segurança necessária para a retomada”, afirma o fundador da marca, Fábio Affonso.

De acordo com ele, cerca de 30% dos alunos ainda preferem continuar no ensino à distância. “O desafio é conseguir trazer os alunos que foram muito afetados pela pandemia, por perda de trabalho e renda. Estamos criando uma forma para ele só voltar a pagar quando normalizar sua situação”, conta.

Presencial retoma, mas online ainda é forte


Nem 20% das escolas da rede carioca Yes! Idiomas reabriram. A marca optou por manter o investimento nas aulas online para o segundo semestre, mesmo nas unidades que já retornaram.

De acordo com o assessor da presidência da Yes!, Flávio Gonzaga, a adesão tem sido baixa, pois as escolas regulares não voltaram na maioria das cidades. “Mesmo nas unidades que já tiveram a liberação e escolheram voltar com aulas presenciais, mais de 50% dos alunos resolveram permanecer online, pelo menos até o final de 2020.”

A rede ainda não sabe se o ensino híbrido deve entrar de vez na agenda a partir de 2021, mas estudos vêm sendo feitos nesse sentido. “É uma tendência muito forte e que não pode ser desconsiderada”, diz Gonzaga.

Já a Via Certa Educação Profissional se deu bem com o ensino online e, mesmo com o retorno, pretende adaptar a metodologia. Só em julho houve um aumento de 50% na procura, o que se equipara aos mesmos resultados de antes da pandemia. “Estamos apostando muito no formato híbrido. Criamos um formato de cursos flexíveis e agora vendemos para o aluno que pode fazer na casa dele, ou na escola, ou um mês em cada lugar, como ele preferir”, diz André Oliveira, diretor comercial da rede

A rede paulista também já retomou as atividades, em diferentes etapas. Em cidades enquadradas na Fase Amarela do Plano São Paulo, as unidades podem receber 40% dos estudantes. Nas que estão na Fase Laranja, apenas 20%. “O aluno pode escolher fazer o curso na escola ou em casa. Estamos voltando aos poucos, priorizando os cursos que têm aulas práticas”, afirma Oliveira.

De acordo com Sylvia, da ABF, o ensino à distância encontrou boa adaptabilidade em quase todas as faixas etárias e modalidades de cursos, exceto em turmas com alunos muito pequenos, que têm mais dificuldade de concentração. "Acredito que o formato híbrido de ensino veio para ficar e que trará muitos benefícios ao setor, principalmente por aumentar o acesso à educação de qualidade a quem tinha dificuldade de estar presencialmente em uma sala de aula."

Maple Bear busca exemplos no exterior e aposta em certificações

A Maple Bear é uma rede de escolas de ensino regular bilíngue. A marca já reabriu unidades em outros países, além de em algumas cidades do país. Isso permitiu que conseguissem importar as melhores práticas para a rede. Agora, se preparam para ter pelo menos 30% das 150 escolas brasileiras com aulas ou alguma atividade presencial até o fim de setembro.

“Nossa experiência na reabertura das escolas que já ocorreram é de uma adesão de 20% a 30% dos pais em um primeiro momento, com engajamento crescente. Por exemplo, as escolas Maple Bear nas cidades de Manaus, São Luís, Sinop e Sorriso, pioneiras no processo de reabertura, já contam com mais de 70% das famílias participando das atividades presenciais”, afirma Rafael Mangini, diretor de marketing da Maple Bear Latam.

Aqui no Brasil, além dos protocolos orientados por autoridades sanitárias, a rede investiu em uma assessoria personalizada da Sociedade Brasileira de Infectologia para supervisão dos protocolos e do Hospital Albert Einstein, para uma auditoria de conformidade nas unidades da capital paulista. “Uma das principais medidas é o retorno gradual com a criação de uma escala de turmas por dia, um número reduzido de salas ou com foco em determinada faixa etária, de acordo com as regras locais”, explica Mangini.

 

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Franquias/noticia/2020/09/franquias-de-educacao-retomam-atividades-com-turmas-menores-aulas-hibridas-e-alteracoes-no-layout.html