21/11/2016

FUNDADORAS DE STARTUPS DEVEM SE CONECTAR COM OUTRAS MULHERES

Para Maria Rita Spina Bueno, diretora da Anjos do Brasil, o compartilhamento de experiências inspira as novas empreendedoras

Como está a participação das mulheres no ecossistema brasileiro?
Tem aumentado. A brasileira é historicamente empreendedora, mas em negócios de pequeno porte. Como as fundadoras de startups vêm tendo mais visibilidade, outras mulheres se inspiram a construir empresas com alto potencial de crescimento. Elas veem que esse é um caminho possível. Ainda falta muito, mas já temos mais mulheres participando dos times fundadores.

As empreendedoras se concentram em determinadas áreas ou nichos?
Temos empreendedoras em diversos setores de atuação. Normalmente, elas começam negócios em áreas que conhecem ou em que já trabalharam. Isso é ótimo porque elas trazem uma experiência de mercado que ajuda muito no desenvolvimento do projeto. Existe um mito de que mulher só empreende em áreas vistas como tipicamente femininas, o que não é real. Tenho visto vários projetos em agritech e fintech liderados por mulheres, por exemplo.

A educação pode estimular as mulheres a empreender mais com tecnologia?
A educação é fundamental para empreender. As mulheres compreendem a relevância da tecnologia para os negócios de alto potencial, mas muitas vezes se sentem perdidas nesse campo. Por isso, a capacitação em tecnologia ajuda muito. A empreendedora não precisa se tornar uma expert – ela não irá necessariamente fazer o desenvolvimento. Mas precisa entender disso o suficiente para liderar e definir os rumos do projeto.

Mesmo ecossistemas mais maduros, como Estados Unidos e Israel, precisam de iniciativas para encorajar mulheres a trabalhar com tecnologia – a “codar”. Por que essas mudanças demoram a acontecer?
Essa é uma questão muito complexa e, no meu ponto de vista, ligada à educação que damos para as meninas desde cedo. Não mostramos exemplos de mulheres em tecnologia e dizemos que isso é “coisa de menino”. As meninas não veem esse caminho como um futuro possível. Depois disso, fica mais difícil escolher uma carreira ligada à tecnologia. E, quando elas escolhem esses cursos, entram em um universo muito masculino, no qual nem todas conseguem ficar.

Como está a participação das mulheres como investidoras?
O percentual de mulheres investidoras anjo praticamente dobrou no ano último ano. A pesquisa da Anjos do Brasil apresentada no Congresso de Investimento Anjo em junho de 2016 mostrou que passamos de 5% para 9%, o que é incrível. Ainda assim, é um percentual muito baixo, já que somos metade da população e o número de mulheres com capacidade de investir é bem maior do que isso. Muitas mulheres desconhecem o que é investimento anjo, mas se animam a contribuir quando entendem que investir em startups inovadoras traz um retorno pessoal tão relevante quanto o financeiro.

FONTE:http://revistapegn.globo.com/Mulheres-empreendedoras/noticia/2016/11/fundadoras-de-startups-devem-se-conectar-com-outras-mulheres.html