31/07/2020

Hamburgueria à base de plantas: os resultados do primeiro restaurante da The Not Company

Foodtech abriu restaurante pelo aplicativo iFood há duas semanas. Negócio recebe centenas de pedidos por dia de seus hambúrgueres e milkshakes plant-based.

A The Not Company, startup chilena que emula produtos animais usando ingredientes à base de plantas, deu mais um passo na popularização dos alimentos sem origem animal. O negócio abriu um restaurante virtual com venda pelo aplicativo iFood há duas semanas, chamado Why Not. Seus resultados provaram a demanda pelas criações da foodtech -- e dão força para mais restaurantes da The Not Company./

Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o presidente brasileiro Luiz Augusto Silva divulgou os primeiros resultados do Why Not. Fundada há cinco anos no Chile, a The Not Company chegou ao Brasil em 2019. A foodtech busca reinventar a indústria alimentícia produzindo comidas que imitam sabor e textura animal usando apenas plantas.

Para isso, usa um algoritmo de inteligência artificial apelidado de Giuseppe. A IA formula substitutos de alimentos com carne, ovos, leite e derivados e imagina receitas. Segundo a própria The Not Company, seus produtos chegam a emitir 70% menos gás carbônico e a consumir 90% menos água.

A The Not Company começou a faturar em terras brasileiras em janeiro deste ano. O plano era distribuir massivamente seus produtos em food services e supermercados. Mas a pandemia mudou radicalmente esse cenário. Restaurantes fechados e supermercados sem estandes de demonstração forçaram a startup a reagir rapidamente, refazer seu planejamento e encontrar outra forma de crescer.

"Surgiu a ideia de estar ainda mais presente no país por meio da compra virtual. O e-commerce sempre foi desenvolvido em eletrônicos, itens esportivos e linha branca. Não era muito popular em alimentos -- até o surgimento da pandemia", diz Silva.

A The Not Company começou com um comércio eletrônico próprio. A loja virtual serve como uma loja conceito, garantindo exposição e oferta de preços corretas. Também permite testar novos modelos de negócio, como uma assinatura mensal.

O restaurante Why Not proporciona a experiência de comer os alimentos à base de plantas da The Not Company. A foodtech escolheu abrir uma hamburgueria com milkshakes porque permitiria usar todos os seus produtos: maionese, hambúrguer, leite e sorvete sem ingredientes de origem animal.

Como forma de reduzir o investimento, a foodtech realizou parcerias com outros empreendimentos. O Why Not realiza suas vendas por meio do aplicativo iFood, com entrega ou retirada no bairro de Perdizes (São Paulo).

A produção das refeições ficou a cargo tanto do Giuseppe quanto da Green Kitchen, cozinha compartilhada (cloud kitchen) especializada em culinária plant based. Além do menu fixo, o restaurante também selecionou oito receitas de cozinheiros desempregados por conta da pandemia. Serão duas receitas por semana. Os profissionais receberão R$ 3 mil e o lucro com a venda dos seus sanduíches. "Essas parcerias aceleraram a abertura do restaurante e permitiram que nós respondêssemos rápido à pandemia", diz Silva.

O Why Not tem cerca de duas semanas de operação. "Vendemos em cinco dias o que esperávamos em um mês. O desejo de provar produtos alternativos ficou claro", afirma o presidente brasileiro da The Not Company. O interesse se relacionaria a uma preocupação com a saúde. "Temos 35 mil famílias de plantas comestíveis, mas menos de uma dezena representam a grande maioria do nosso consumo. Somos uma monocultura. Uma boa alimentação geraria menos enfermidades e um benefício imensurável ao sistema de saúde brasileiro."

O Why Not recebe centenas de pedidos por dia e já passou da marca de mil pedidos. Agora, a foodtech está analisando como expandir o modelo para mais pessoas da área metropolitana de São Paulo. Depois, o restaurante deverá atender outras cidades.

O hambúrguer à base de plantas teve seu pré-lançamento pela Why Not, mas depois chegará aos supermercados. A ideia é colocar as metas em prática ainda em 2020. "Replanejamos nos primeiros meses da pandemia. Agora é hora de ação."

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2020/07/hamburgueria-base-de-plantas-os-resultados-do-primeiro-restaurante-da-not-company.html