18/07/2019

MATINÊS VIRAM OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO PARA EMPREENDEDORES CULTURAIS

Chega ao Brasil o fenômeno do clubbing consciente, que promove festas diurnas, capazes de gerar ocupação de espaços urbanos.

Associar festas, baladas e eventos musicais a ambientes fechados e altas horas da noite é coisa do passado. No mundo inteiro, cresce o fenômeno do clubbing consciente, que promove festas diurnas, capazes de engajar pessoas de todas as classes sociais e gerar ocupação dos espaços urbanos.

No Brasil, não é diferente: essa demanda já gerou um importante “mercado sob o sol”, atraindo milhares de pessoas (e bom faturamento) não só para festas, mas também para eventos culturais.

Um bom exemplo é a festa Tododomingo, que acontece na Casa das Caldeiras, em São Paulo. “Começamos com pequenos eventos. Mas, nos últimos dois anos, as festas se transformaram numa verdadeira explosão de público, com mais de 4 mil pessoas por domingo, assistindo a performances dos mais diferentes coletivos artísticos e DJs, além de instalações e exposições de artes visuais”, diz Joel Borges, diretor de projetos.

Boa parte das entradas é grátis, graças a leis de incentivo como o ProAc, da Secretaria de Cultura estadual, e à dedução de ICMS, que estimula patrocínios. A Leo Madeiras, o Instituto Leo e a Companhia Müller de Bebidas, que fabrica a Cachaça 51, investiram R$ 300 mil na temporada de eventos iniciada em setembro passado e prevista até maio. “Em contrapartida, não cobramos ingressos”, afirma Joel.

O patrocínio externo, porém, cobre menos da metade dos custos — calculados em cerca de R$ 700 mil por temporada —, tornando necessárias outras atividades comerciais, como bares, restaurantes e locações para eventos.

Outro caso de sucesso é o Samba do Sol, projeto que resgata o samba de raiz com apresentações gratuitas em diferentes locais de São Paulo. “Em fevereiro completamos 164 edições de tardes dominicais”, diz Marina Lopes, diretora do projeto. O Samba do Sol também recebe DJs com estilos variados, coletivos de artistas, expositores e fotógrafos. “Nossos eventos são gratuitos, para facilitar o acesso de todas as camadas sociais”, diz Marina.

Diferentemente da Casa das Caldeiras, o Samba do Sol não conta com patrocínios externos. “Nossas receitas vêm de bares, restaurantes, exposições ou feiras”, afirma a diretora. Com um público que vai de 1,5 mil a 4 mil pessoas,  o faturamento por evento pode variar entre R$ 30 mil e R$ 60 mil. Mas uma das metas do Samba do Sol é conquistar apoio financeiro que elimine a necessidade de atividades paralelas.

Patrocínios garantem o funcionamento do Espaço Vila Butantan, fundado em 2016, que oferece shows diários (e gratuitos) com artistas diversos. Duas vezes por mês, geralmente no fim de semana, realiza grandes eventos, com uma frequência que chega a 6 mil pessoas. Não cobra ingresso — a receita vem dos patrocinadores e das lojas e centros de gastronomia presentes no local. “Cobrar ingressos iria contra o nosso propósito”, diz Yuri Caldas, responsável pelo marketing.

A gama de patrocinadores inclui empresas como Ambev, Samsung e Smirnoff. “A principal fonte de renda, porém, é o aluguel das lojas, que garante o pagamento de custos como segurança, marketing, limpeza e divulgação por redes sociais.”

Criado para difundir a arte e promover a integração entre grupos musicais, coletivos de festas e artistas visuais, o espaço Mundo Pensante não conta com ajuda de patrocinadores.

Por isso cobra uma entrada de R$ 25, em média, para seus eventos. “O bar também colabora para o faturamento”, afirma Paulo Papaleo, coordenador do espaço instalado no tradicional bairro do Bixiga. “Junto com os ingressos, ajuda a cobrir custos e gerar lucro.” Não há cálculo específico para o faturamento das festas, pois todas as atividades são incluídas em uma mesma contabilidade. As festas vespertinas, que privilegiam a música brasileira, ocorrem, em média, três vezes por mês.

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Diversao-e-turismo/noticia/2019/07/matines-viram-oportunidade-de-negocio-para-empreendedores-culturais.html