Alexandre Ostrowiecki conta como multiplicou o faturamento da empresa e decidiu se envolver com política
Não há uma regra universal para atingir o sucesso como empreendedor, mas reconhecer quando é preciso buscar ajuda é fundamental. Esta é a opinião de Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser, que fez o faturamento anual saltar de R$ 20 milhões para R$ 1,2 bilhão. O paulistano levantou a plateia do CEO Summit, evento organizado pela Endeavor, em parceria com EY e Sebrae que aconteceu na última quinta-feira, em São Paulo, ao contar sua trajetória de 12 anos à frente da empresa fundada por seu pai.
Israel Ostrowiecki, pai de Alexandre, fundou a Multilaser em 1987, com a proposta de importar copiadoras Xerox. Apostando na tecnologia, que estava em alta na época, o empresário investiu na reciclagem de cartuchos utilizados para a impressão, que fazia sucesso nos Estados Unidos, consolidando a Multilaser como a primeira empresa da área na América Latina.
Após se formar em administração de empresas e iniciar a carreira trabalhando em multinacionais, Alexandre foi convidado a trabalhar com seu pai em 2002. “Quando cheguei a Multilaser percebi que apesar das minhas especializações e experiências em grandes empresas, não sabia nada sobre empreendedorismo. Nunca tinha feito uma duplicata, não sabia preencher nota fiscal, o que era um holerite, atender clientes, fazer a empresa acontecer de fato”, afirma.
Com um ano de empresa, Ostrowiecki recebeu a notícia do falecimento de seu pai, durante um mergulho no Oceano Pacífico, na região da Costa Rica. “Era o único dos meus irmãos que poderia assumir a empresa. Joguei fora a mesa do meu pai, coloquei a minha no lugar e dei início à parceria com o Renato Feder. Nem sempre você consegue fazer as coisas sozinho e muitas vezes tudo o que você precisa é de um parceiro”, diz.
Em um momento em que os computadores se popularizavam no país, o empreendedor decidiu ampliar o leque de produtos oferecidos pela Multilaser, decisão que mudaria os rumos da empresa. Com a percepção de que seria impossível competir com multinacionais fabricantes de computadores, a saída foi investir na importação e distribuição de acessórios para informática como mouses, fones de ouvido e webcams, e posteriormente dispositivos eletrônicos como aparelhos mp3 e câmeras digitais. “Eu percebi que para ser uma grande empresa não bastava ser um importador, era preciso ser um fabricante. Desativamos a unidade de reciclagem de cartuchos de São Paulo e inauguramos uma fábrica no município de Extrema, em Minas Gerais”, afirma Ostrowiecki.
Com uma cartela de produtos que vai desde pen drives até tablets, passando por acessórios eletrônicos destinados ao público infantil, a fábrica da Multilaser possui hoje dois mil funcionários e ajudou a consolidar um faturamento anual de R$ 1,2 bilhão. “Empreender é como construir um castelo de areia. Você não está fazendo para deixar um legado porque você sabe que vai vir o mar e derrubar. Você faz pelo fazer, pela paixão de tirar uma ideia do papel, energizar uma equipe para comprar sua ideia e fazer aquilo com você. Isso é o que me motiva”, diz.
Empreendedorismo político
Entusiasta do empreendedorismo, Ostrowiecki enxerga um cenário tortuoso para quem quer montar o próprio negócio no Brasil. “Durante todo o processo de expansão da Multilaser nos deparamos com barreiras. Regras trabalhistas, tributárias e burocráticas nos faziam sentir como se tivéssemos bolas de ferro amarradas em nossos pés”, diz.
Para tentar ajudar outros empreendedores a romper essas amaras, Ostrowiecki e seu sócio, Feder, escreveram o livro ‘Carregando o Elefante’, e em seguida tiveram uma iniciativa para tentar atingir o campo político. “Se você quer mudar o Brasil, você precisa mudar a política brasileira. Então pensamos, será que é possível criar uma sistemática para direcionar os votos dos brasileiros para os melhores políticos em atividade?”, diz.
Assim nasceu, em 2012, o site www.politicos.org.br, que coleta informações como ausências em votações e compromissos políticos e acusações de corrupção, por exemplo, para formar um ‘ranking dos políticos’. “Nossa ideia não é queimar os de baixo, mas sim valorizar os de cima”, afirma o empreendedor.
FONTE: http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2015/10/o-empreendedor-que-fez-multilaser-faturar-r-1-2-bilhao-por-ano.html