16/04/2020

Plantas, luz natural e conforto: como criar um ambiente favorável ao home office

Fatores visuais e até olfativos têm influência no desempenho do trabalho. Saiba como arrumar e decorar sua casa para se adaptar melhor.

Produtividade, organização e saúde mental. Essas são algumas das palavras-chave quem mais aparecem quando o assunto é home office. O comportamento é um fator importante para que o trabalho remoto dê certo e gere bons resultados. Mas um fator desconhecido por muitos é o impacto do ambiente e até da decoração nesse desempenho.

Uma pesquisa da Human Spaces, por exemplo, mostra que ter folhagens e plantas próximas ao espaço de trabalho aumenta em 15% a sensação de bem-estar e a criatividade e em 6% a produtividade. Impactos como esse são estudados pela chamada neuroarquitetura.

A relação entre arquitetura e neurociência leva algumas empresas a já projetar seus escritórios pensando nesses efeitos. Mas a pandemia do coronavírus trouxe um cenário inesperado pela maioria. Em home office por tempo indeterminado, cada funcionário está tendo de se adaptar a um novo espaço.

 

“As pessoas estão exercendo o trabalho em um ambiente que o cérebro sempre associou ao descanso e ao relaxamento, opostos ao trabalho”, explica a arquiteta e estudiosa do tema Priscilla Bencke. “Até o cérebro se acostumar, há um gasto de tempo e energia. Por isso muitos se queixam de estar cansados, mesmo trabalhando em casa.”

O escritório fundado por ela, Qualidade Corporativa, projeta escritórios e oferece consultorias baseadas na neuroarquitetura. Agora, ela tem atendido demandas de funcionários e líderes que buscam ajuda para criar ambientes de trabalho em casa. “A mudança de comportamento é o ponto de partida para uma rotina adequada. E para criá-la é importante ter um ambiente físico adaptado”, diz.

A arquiteta listou algumas dicas de como organizar sua casa para o home office. Veja abaixo.

Estabeleça um local de trabalho
Nada de trabalhar um dia no sofá e outro na mesa de jantar. Priscilla diz que o primeiro passo para um home office produtivo e saudável é escolher um lugar fixo para exercer as tarefas. O ideal é que ele seja confortável, privativo e livre de ruídos.

Se isso não for possível, uma estratégia é tentar recriar o ambiente de trabalho nos espaços disponíveis. “Trazer uma aparência mais ligada ao trabalho ajuda o cérebro a fazer a associação mais rapidamente”, aponta a arquiteta.

Ergonomia é essencial
A postura ao trabalhar afeta tanto o desempenho mental quanto a saúde do corpo. Para quem trabalha no computador, uma infraestrutura adequada envolve o posicionamento do aparelho, da mesa e da cadeira. “Esse é um ponto super desafiador, pois é muito difícil que as pessoas tenham cadeiras ergonômicas em casa”, aponta Priscilla.

Os modelos ideais permitem regular altura do assento e do braço e têm apoio para a lombar. Quem não tem uma dessas em casa deve ao menos recorrer a um assento que mantenha a lombar apoiada e a coluna reta. “Se a pessoa trabalha com notebook, o indicado é utilizar um suporte para elevar o monitor e ter mouse e teclado externos, pois a posição de trabalho sem eles é bem prejudicial.”

Decoração e luz favoráveis
Assim como a pesquisa da Human Spaces sugere, incluir plantas no ambiente de trabalho traz benefícios de desempenho. Segundo a arquiteta, o mesmo vale para revestimentos, quadros e outros elementos que simulem madeira, pedras ou plantas. Já um ambiente bagunçado tem o efeito contrário. “Uma das evidências que observamos é que nosso cérebro se distrai quando tem muitos estímulos visuais. Ter um ambiente mais limpo e organizado ajuda”, aponta.

A luz natural também é valiosa e ajuda a manter o relógio biológico equilibrado. Quem não tem acesso a muita iluminação externa pode e deve recorrer a lâmpadas adequadas. “A luz do Sol muda de cor ao longo do dia: começa mais branca e termina mais amarelada”, explica a arquiteta.

Durante o dia, portanto, luzes mais brancas ajudam a ficar mais ativo e atento. Já uma luminária com luz mais amarelada ajuda a induzir o relaxamento no fim do dia. “É importante ter essa divisão de rotina. Muitos acabam trabalhando mais em casa porque não a definem”, ressalta.

Os outros sentidos também importam
Além do visual, as demais sensações proporcionadas pelo espaço farão diferença no resultado. Priscilla diz que, na ausência do silêncio adequado, recorrer à música é melhor do que ser interrompido por ruídos. Em relação ao tato, a temperatura do ambiente e da própria superfície usada para trabalhar são alguns exemplos.

“É diferente trabalhar em uma mesa de vidro ou em uma com uma lâmina de madeira. É importante ver como a pessoa se sente melhor”, aponta Priscilla. Se a pessoa tende a sentir mais calor, ela diz que o vidro tende a ser mais confortável. Já a madeira é mais indicada para os mais sensíveis ao frio.

Usar truques relacionados ao olfato também é uma estratégia válida. “De todos os sentidos, esse é o que mais traz memórias. E isso pode ser interessante para criar momentos agradáveis”, explica. Se você tem uma fragrância preferida ou que remete a bons momentos, pode usá-la como uma espécie de âncora olfativa. “Uma opção é borrifar a fragrância toda vez que for começar a trabalhar. O cérebro vai criar um vínculo e isso pode incentivar com que você se sinta melhor.”

No fim das contas, o comportamento dita o resultado
A arquiteta ressalta que, embora colaborem, elementos físicos não fazem diferença sozinhos. É preciso associá-los a questões internas. “Falar de mudança é falar de uma somatória. A combinação dos fatores físicos com uma mudança de comportamento é uma forma de conseguir se adaptar a essa nova forma de trabalhar.”

Fonte:https://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/Gestao-de-Pessoas/noticia/2020/04/coronavirus-plantas-luz-natural-e-conforto-como-criar-um-ambiente-favoravel-ao-home-office.html