Empresária participou de debate sobre educação e empreendedorismo promovido pelo Instituto Ânima. Para ela, donos de negócios devem se preparar desde já para o cenário pós-pandemia
A pandemia do novo coronavírus vem desafiando o empreendedorismo brasileiro. Com a reinvenção da forma de fazer negócios, uma pauta é cada vez mais inserida na discussão: a educação empreendedora para a transformação do Brasil.
Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, é uma das que acredita nessa conexão. Em um webinar promovido pelo Instituto Ânima nesta quinta-feira (28), ela debateu o tema com o psicólogo e especialista em criatividade e desenvolvimento Lucas Foster e com Leonardo Vilaça, líder de formação de professores do instituto.
Uma das conclusões do debate é que o empreendedorismo está intrinsecamente conectado à educação. A descoberta de novos valores e práticas empreendedoras, bem como o futuro do ramo no Brasil, está em grande parte nas mãos de uma nova geração mais criativa e focada na resolução de problemas.
“Sempre me movi pelo propósito”, assume Trajano. A empreendedora, hoje à frente do projeto Mulheres do Brasil, conta que sua principal missão é ajudar pequenas e médias empresas. Apaixonada pelo país, ela reconhece que a economia vai sofrer os impactos deste momento, mas que auxiliar na geração de emprego e renda é fundamental. Quando questionada sobre uma mensagem de esperança a educadores para atravessar a crise, ela afirma: “Temos que acreditar no país. O Brasil é nosso”.
Lucas Foster salientou que o processo educacional, que nasce a partir dos pais, é muitas vezes pautado apenas na reprodução e não na experimentação. Isso, posteriormente, é transferido para o aprendizado das crianças nas escolas e universidades. Para ele, empreender tem a ver com cultura e liderança. Ele acredita que todo empreendedor precisa de quatro oportunidades: conhecimento, relacionamento, reconhecimento e investimento. Também diz que os pilares devem devem ser estimulados desde cedo e estar balanceados para garantir o sucesso do empreendedor.
Luiza acredita que os pais devem estimular os filhos a buscar soluções e lidar com as pessoas – característica essencial a um líder. “O empreendedor deve fazer acontecer", afirma ela. "É o que luta, o que tem o espírito de querer ser protagonista da história.”
Os professores são peça fundamental no quebra-cabeça no qual o Brasil se encontra. Leonardo Vilaça, do Instituto Ânima, sugere que a educação oferecida por professores bem formados é uma das chaves da transformação do país, atuando no desenvolvimento das competências empreendedoras de cada indivíduo, como a autoconfiança e a criatividade. Luiza também ressalta que a valorização dos profissionais da educação é fundamental para tal transformação e para modificar a mente da sociedade.
“Não tenha medo de errar”
Ao abordar a pandemia do coronavírus, a empresária estimula que empreendedores reavaliem suas ações e se preparem para a vida pós-pandemia. “É importante deixar esse ‘novo’ entrar dentro da gente”, afirma. Ela indica que a inovação e o atendimento são fatores que levam uma empresa a se destacar – e que, para isso, é preciso contar com uma equipe alinhada e comprometida. Reforça, ainda, que o empreendedor deve estar disposto a correr riscos e não ter medo de errar.
Para Foster, a situação atual trouxe um novo olhar sobre a vida em sociedade. Ele acredita que a cooperação, empatia e solidariedade, acrescidas da força de vontade de dar a volta por cima e dar mais valor à criatividade no empreendedorismo, devem ser mantidos no futuro.
Já para Vilaça, o foco é conseguir olhar para dentro e refletir sobre o que nos faz sobreviver a este momento. Para ele, é necessário se organizar para construir um local para o qual voltaremos mais forte, com base nos aprendizados da crise.