Rafael Ilan é dono dos restaurantes Bardega e Bocca Nera, que, juntos, faturaram R$ 5,8 milhões em 2018.
ventos sociais, reuniões familiares e encontros com amigos. Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Vinho (Ibravin), essas são as ocasiões em que o brasileiro mais bebe vinho. Mas mesmo com o consumo centralizado nesses cenários, a pesquisa ainda projeta um crescimento nesse setor. E mercados como o de São Paulo se mostram especialmente promissores, com um aumento de 18,5% nas vendas em 2018.
Para o empreendedor Rafael Ilan, essa tendência está longe de acabar. “Desde 2012, o consumo vem mostrando um crescimento consistente”.
É de se esperar que, com esses dados em mente, Ilan resolvesse abrir um negócio na área. Mas com o Bardega, ele foi além.
O estabelecimento, inaugurado em 2012, tira o vinho dos ambientes tradicionais, como jantares e reuniões Em vez disso, a bebida é encarada de forma similar à cerveja: é consumida em um ambiente descontraído.
Como o próprio nome já sugere, o estabelecimento é uma união entre bar e adega. Para tornar isso possível, a maneira que o vinho é comercializado foi mudada. Apesar de poder ser vendido em garrafas, o carro-chefe do negócio são as doses.
O atendimento também é diferente. Em vez de sommeliers servindo nas mesas, o cliente compra a bebida em máquinas. O método de funcionamento é simples: basta inserir a comanda, selecionar o vinho e a dose desejada, que varia entre 30ml e 120ml.
Segundo Ilan, a intenção desse modelo de negócios é democratizar o acesso à bebida. “Conseguimos vender doses de um vinho caríssimo por apenas R$ 20.” Idealismo à parte, o Bardega também consegue ser rentável. Em 2018, o estabelecimento faturou R$ 4,5 milhões.
Rodízio de vinhos?
Mas essa não foi a única sacada do empreendedor. De acordo com Ilan, a experiência adquirida no Bardega o fez perceber que, por não conhecer a bebida, muita gente se sente intimidada em consumir vinho. "O garçom faz muitas perguntas técnicas e isso acaba afastando as pessoas".
Foi para evitar isto que surgiu o Bocca Nera, em 2018.
A ideia do estabelecimento é simplificar. Para isso, foi criado um sistema de rodízio. Nele, por R$ 80, o cliente e pode consumir 15 rótulos à vontade.
As opções vão desde espumantes até vinhos tintos.
Como o nome de alguns rótulos são complicados, os vinhos são organizados por números, facilitando a vida do cliente na hora de fazer seu pedido.
Se o objetivo era atrair público, deu certo. O Bocca Nera atende por volta de 800 pessoas por mês, gerando um faturamento de R$ 1,3 milhão em 2018.
O exemplo veio de casa
Segundo o empreendedor, a inspiração para os negócios veio de casa. Sua família, oriunda da Argentina, sempre encarou o vinho como uma coisa simples. Seja em reuniões de família e até em jantares, a bebida sempre esteve presente.
Mas fora do âmbito familiar, essa situação mudava. "Eu queria beber com meus amigos, mas não existiam bares de vinhos". Ilan conta que, quando achava algum lugar especializado na bebida, os preços eram muito caros.
Foi aí que ele detectou uma oportunidade: suprir essa falta de oferta gastrônomica.
Hoje, Rafael Ilan vê o mercado com otimismo. Segundo ele, o enoturismo (que é o turismo voltado aos vinhos) e o afinamento do paladar do brasileiro tornam negócios como o Bardega e Bocca Nera uma tendência cada vez mais forte.
Os dois estabelecimentos comercializam cerca de 50 mil garrafas por mês
Planos de expansão
Ilan não tem planos de expandir o Bardega, mas a situação com o Bocca Nera é diferente. Por possuir um modelo de negócios mais simples, o empreendedor está estudando a possibilidade de franquear a marca.
Para isso, o primeiro passo que está sendo tomado é procurar investidores. Caso seja bem-sucedido, Ilan pretende abrir mais cinco unidades da marca em 2019.