17/06/2025

Marca de destilados que nasceu na sala de casa fatura R$ 10,5 milhões

Após conquistar grandes empresas como Madero e Fasano, a Bacco aposta em destilados sem álcool, que já representam mais de 8% do faturamento da marca

 

Em 2017, três jovens engenheiros, Hyan Assano, José Tomasson e Gilmar Tomasson, decidiram transformar a paixão por coquetelaria em negócio. Inspirados por experiências em bares europeus durante o intercâmbio universitário, criaram a Bacco, uma destilaria artesanal com DNA 100% brasileiro. Seis anos depois, o projeto que começou dentro de casa atingiu a marca de R$ 10,5 milhões em faturamento anual, uma escalada notável a partir dos R$ 50 mil nos primeiros 12 meses de operação.

 

O crescimento da Bacco foi marcado por decisões estratégicas. Após começarem com uma produção limitada dentro de casa, os sócios alugaram um espaço em 2019 e construíram sua primeira fábrica. Naquele início, ainda conciliavam a operação da empresa com empregos formais em regime CLT, dividindo o tempo entre o expediente tradicional e as tarefas da destilaria à noite, em feriados e fins de semana.

 

Em 2021, José, um dos sócios, passou a se dedicar totalmente à operação, no ano posterior, todos passaram a olhar integralmente para o negócio. O movimento foi crucial: o faturamento quadruplicou, e o time passou a investir no food service e no atendimento personalizado a redes.

 

A história da Bacco é também a de uma virada de mentalidade. “Nosso maior desafio foi convencer as pessoas de que sim, o Brasil consegue produzir uma vodka de qualidade. Ainda existe um certo preconceito com o produto nacional”, relembra Assano. Mas eles não só convenceram: conquistaram espaço em grandes redes como Madero, Porks, Janela Bar, Cão Véio, além de novos parceiros como Rede Fasano, Grupo Rubaiyat e Grupo Trevisani.

 

Do álcool ao zero álcool

O portfólio da marca começou com cachaças e vodkas premium, passou por concentrados de drinks como o clássico Cosmopolitan e Jambu, e chegou à sua mais recente aposta em 2024: os destilados sem álcool. A virada de chave veio após uma visita à maior feira de bares e coquetelaria do mundo, a Bar Convent Brooklyn (BCB), nos Estados Unidos, onde cerca de 30% dos expositores apresentavam linhas não alcoólicas.

 

A tendência mundial de redução no consumo de álcool — especialmente entre a geração Z — acendeu o alerta. A partir disso, o trio mergulhou em pesquisa e desenvolvimento para criar bebidas que oferecessem complexidade e sabor, sem teor alcoólico. “Não existe manual. Testamos mais de 200 versões até chegar à receita ideal do nosso gin zero álcool”, conta Gilmar, um dos irmãos Tomasson.

 

Com um diferencial técnico, a equipe inclui um farmacêutico no time de desenvolvimento, o que permitiu trabalhar a fundo com sensações gustativas e reações químicas. “Se queríamos emular a acidez do limão, identificávamos os ácidos corretos para isso. É ciência e sensibilidade combinadas”, explica. Assim se deu uma nova marca, a Miden, que funciona dentro do ecossistema da Bacco.

 

Inovação na basse e expansão no radar

Em vez de apostar no tradicional varejo, o negócio ganhou força investindo no canal de food service. Batendo de porta em porta em bares e restaurantes, a marca entendeu as necessidades dos clientes e passou a adaptar seus produtos às exigências de custo e logística desse setor. Com isso, firmou parcerias duradouras com grandes redes e passou a desenvolver soluções sob medida.

 

Hoje, a empresa atende franquias com até 50 unidades espalhadas pelo Brasil, e a linha sem álcool já representa mais de 8% do faturamento. A expectativa é que esse número salte para 30% ainda em 2025, à medida que o mercado amadureça e cresça o interesse por alternativas ao álcool.

 

Com preços que variam de R$ 69,90 a R$ 99,90 nos destilados tradicionais e de R$ 59,90 a R$ 109,90 na linha zero álcool, a Bacco se posiciona como "uma marca premium, mas acessível".

 

De olho no futuro

A destilaria, instalada na Região Metropolitana de Curitiba, se prepara para alcançar a marca de 1 milhão de litros produzidos ainda este mês.

 

“A gente sempre foi muito pé no chão. Sabemos que o mercado brasileiro tem um enorme potencial, mas ainda precisa amadurecer. O zero álcool não é substituição, é uma opção a mais para quem quer celebrar de outra forma”, afirma Assano.

 

O plano agora é manter o ritmo de crescimento e abrir espaço para investidores que ajudem a empresa a dar o próximo passo.

 

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

 

https://www.ideiapositivaonline.com.br/noticia/empreendedorismo/marca-de-destilados-que-nasceu-na-sala-de-casa-fatura-r-10-5-milhoes